Segundo Embrapa Trigo-RS, a lavoura de trigo tem um nível de
incerteza maior do que as culturas de verão, o planejamento é fundamental para
aliar rendimento à rentabilidade. É preciso considerar fatores promotores do
rendimento de forma equilibrada com fatores protetores da lavoura, visando
sempre o retorno financeiro do produtor. O alerta é da Embrapa Trigo.
No momento em que começa a semeadura do trigo no
Rio Grande do Sul, o produtor pode ficar confuso com a grande oferta de
cultivares, herbicidas, fungicidas, fórmulas milagrosas para adubação e garantia
de qualidade final pelos obtentores e até por “São Pedro”. A escolha da cultivar
vai definir grande parte do conjunto de insumos a ser utilizado, já que algumas
cultivares demandam mais adubo, mais fungicidas ou mesmo um redutor de
crescimento. Assim, fica definido também como será o manejo da lavoura e o
tamanho do investimento. Para identificar a melhor opção, o produtor deve
conhecer o potencial produtivo da região, as cultivares mais adaptadas, o
histórico da propriedade e do clima. “O conselho é não errar na hora de
economizar na lavoura de trigo. Não adianta economizar na compra de sementes
certificadas, reduzir adubação e manter três aplicações de fungicida. Se o
produtor reduzir o potencial da lavoura, não vai adiantar tentar proteger este
potencial que já está limitado”, explica o pesquisador João Leonardo Pires.
Segundo ele, em caso de necessidade de fazer economia é melhor reduzir a área,
mas manter um nível mínimo de tecnologia para assegurar o retorno.
Equilíbrio nas contas
O trigo exige um mínimo de tecnologia para ser
produzido, mas práticas promotoras e protetoras da lavoura precisam ser
avaliadas de acordo com o retorno econômico que proporcionam. Produtividade nem
sempre se traduz em lucro no trigo, enquanto que rendimentos acima da média
geralmente são resultado do alto investimento em insumos. “É importante manter
um equilíbrio das contas agora, na implantação da lavoura. Muitas vezes é mais
vantajoso para o produtor assumir um teto de rendimento menor, mas com boa
rentabilidade”, orienta João Leonardo Pires.
A calendarização de aplicações nas lavouras tem
tornado, muitas vezes, o controle de pragas e doenças uma receita única,
contrária às boas práticas agrícolas e onerando o custo da lavoura. Somente os
fungicidas representam de 8 a 12% do custo total no trigo. “Muitas cultivares
tem boa resistência a doenças e poderiam manter o nível de rendimento de grãos
mesmo com o uso mais racional de fungicidas. O que temos visto são aplicações
calendarizadas, nem sempre necessárias”, explica Pires.
Manejo e
ambiente
“Para fazer manejo é preciso conhecer a
cultura”, determina o pesquisador da Embrapa Trigo, Osmar Rodrigues. Na opinião
do pesquisador, o produtor e, principalmente, a assistência técnica, precisa
saber como acontece o crescimento e o desenvolvimento do trigo na sua região, os
fatores limitantes e promotores da cultura. “Nós esgotamos a fase de aumentar a
produtividade através de insumos, via componentes químicos que representam
apenas 5% da estrutura da planta. Precisamos manejar os componentes orgânicos da
planta, interferindo em recursos como luz, solo, temperatura, água ou nutrição.
“A biologia das plantas não pode ser traduzida em números. Nós calendarizamos
todas as práticas e esquecemos de ficar atentos ao ambiente”, diz
Rodrigues.
Conforme os pesquisadores da Embrapa, o
melhoramento genético evoluiu muito ao longo dos anos, mas o ganho com esse
aprimoramento depende, fundamentalmente, do manejo da lavoura. “A escolha da
cultivar é importante, mas a época de semeadura, adubação equilibrada, controle
de pragas e doenças compõem o conjunto de fatores que vão definir a qualidade
final do trigo”, afirma João Leonardo Pires, concluindo que “não é difícil
produzir trigo. Basta seguir conceitos básicos, bem aplicados”.
Por que plantar
trigo:
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Mais de 5 milhões de hectares de área ociosa no inverno;
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Oportunidade de 2 a 3 safras no ano;
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Aproveitamento do maquinário e mão-de-obra;
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Conservação do solo;
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Aumento da produtividade da cultura de verão em até 500 kg/ha.Fonte: http://www.cnpt.embrapa.br/