segunda-feira, 26 de abril de 2010

Porto de Paranaguá amplia em cinco vezes exportações de trigo

Foram exportadas pelo Porto de Paranaguá, no primeiro trimestre deste ano, 567.452 toneladas de trigo, o que representou um aumento de 408% em comparação ao mesmo período de 2009. O movimento de saída do trigo brasileiro chama a atenção, já que tradicionalmente o País é importador do cereal. A explicação está no incentivo dado pelo governo federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que realizou leilões, garantindo preço mínimo aos produtores rurais.

O trigo, que ainda está sendo exportado pelo Porto de Paranaguá, é da safra passada, sendo que a maior parte é procedente de lavouras do Paraná – maior produtor nacional -, com participações do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Os principais destinos têm sido o Vietnã, que importou 191,5 mil toneladas, Filipinas, com 112,1 mil toneladas, e França, para onde foram enviadas 56,6 mil toneladas. Tailândia, Coréia, Equador e EUA também compraram o trigo exportado pelo Porto de Paranaguá.

De acordo com o técnico da Conab, Eugênio Stefanelo, foi preciso lançar os leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) do trigo para o mercado externo, pois cerca de um terço da produção nacional, na safra passada, não atingiu padrão de qualidade do cereal consumido internamente, devido ao excesso de chuva.

Stefanelo afirma que, na safra 2010/2011, haverá uma redução de 10% na área de plantio de trigo. A expectativa, no entanto, é que com as condições normais de clima a produtividade e qualidade sejam melhores. Isso deverá motivar uma maior demanda interna, aumentando a cabotagem no Porto de Paranaguá e nos portos brasileiros.

Para o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, essas mudanças são comuns no mercado internacional. “Os portos do Paraná têm que se adequar de forma constante e estar preparados para atender as novas demandas da economia mundial”, acrescentou.

O engenheiro agrônomo da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, Otmar Hubner, lembrou que o Paraná produziu, na safra passada, 2,48 milhões de toneladas de trigo. Este ano, a expectativa é que se produza 3,1 milhões de toneladas, caso se as condições climáticas sejam favoráveis. Ainda segundo Hubner, o plantio do trigo no Paraná já começou. A colheita será iniciada no mês de agosto e deverá se estender até meados de dezembro.
Fonte: Agência de Notícias Estado do Paraná

terça-feira, 13 de abril de 2010

Novas especificações para trigo devem revolucionar mercado

Brasília - Em poucos dias, o Ministério da Agricultura deve publicar portaria redefinindo as classificações de qualidade do trigo que poderá ser adquirido pelo governo federal em seus programas de apoio à comercialização. Segundo o coordenador-geral de Cereais e Culturas Anuais do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, a nova classificação se aproxima mais das exigências do mercado.

"A portaria antiga de classificação da qualidade do trigo é de 1991. O que entra nos armazéns públicos hoje como de qualidade pode não ser aceito pelo moinho como tal, então, há dificuldade de grandes lotes bons para comercializar. A nova portaria é revolucionária", explicou Farnese.

A portaria aumentará também a diferença entre o valor pago pelo trigo de melhor qualidade, usado na fabricação de pães, e os demais, para bolos, biscoitos e outros produtos. Para Farnese, a medida incentivará a produção e deve levar o país a uma colheita de até 7 milhões de toneladas de trigo por ano nas próximas safras, cerca de 70% do consumo interno.

O Brasil produziu, nos últimos dez anos, uma média de 4,5 milhões de toneladas de trigo anualmente. Como o consumo dos brasileiros é de pouco mais de 10 milhões de toneladas, a dependência das importações foi de 55%, atingindo o pico de 78% na safra 2006/2007. Além dessa defasagem, apenas 50% da farinha derivada do trigo colhido no país atendem aos requisitos para a fabricação de pão, enquanto a proporção total destinada a esse fim é de 65%.

A ampliação da diferença de preços, segundo Farnese, deve aumentar a proporção de trigo tipo pão produzido pelos triticultores brasileiros. Há um ano, foram estabelecidos os preços mínimos de R$ 441 por tonelada do trigo tipo brando, considerado de pior qualidade, de R$ 530 para o tipo pão e de R$ 555 para o tipo melhorador. Esses valores já representaram um distanciamento maior entre os valores de cada qualidade de trigo e, segundo o Ministério da Agricultura, mostraram resultado.

A classificação utilizada atualmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra de trigo leva a outro problema, além de não ser bem aceita pelo mercado. Segundo especialistas, quando um trigo de melhor qualidade é misturado com um de pior, todo o volume passa a ser classificado com o padrão inferior, desvalorizando-se. "A portaria vai equiparar nosso produto a uma referência internacional", afirmou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.

Para o especialista em mercados Marco Olívio Morato de Oliveira, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a nova portaria deve levar ao uso mais eficiente dos armazéns, para que não sejam misturadas qualidades distintas de trigo. Ele também considera que haverá um ajuste da produção à realidade do mercado, mas ressalta que é necessária uma aproximação maior dos centros de pesquisas com os produtores, além de investimentos em logística, para que o trigo nacional seja competitivo.

"A mudança é positiva, é uma necessidade que todos os elos da cadeia sentiam. O que preocupa é a logística de transporte, como investimentos em navegação de cabotagem, e a oferta de variedades de trigo adaptadas ao nosso clima", afirmou Oliveira.
Fonte: Agrolink