segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Noticias sobre o mercado do trigo Agosto /2011


O levantamento da safra de trigo divulgado nas primeiras semanas de agosto  mostraram um volume de produção aquém da colhida no ano safra 2010/11 da ordem de 10,2%, correspondente a 598 mil toneladas a menos. Esse resultado deve-se ao recuo da área plantada de 3,2% e às recentes geadas e chuvas nas zonas de produção da região Sul.
O Estado do Paraná, maior produtor brasileiro, é responsável por essa queda acentuada com 20,9% de redução saindo de 3,3 para 2,6 milhões de toneladas, 691 mil toneladas a menos com relação à safra passada. Por outro lado o Rio Grande do Sul teve um crescimento de área de 9,4% e a produção deverá ultrapassar 2,1 milhões de toneladas com acréscimo de 7,7%. À exceção do Distrito Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul houve recuo de produção em todas as áreas de cultivo, conforme a tabela seguinte.
Particularmente com relação ao Estado Gaúcho existe grande expectativa quanto à qualidade do produto a ser colhido tendo em vista o trabalho desenvolvido junto aos produtores no sentido de se plantar cultivares com maior possibilidade de obter trigo com Força de Glútem, Falling Number e Estabilidade requisitadas pela indústria moageira e pelo mercado externo. Considerando o estágio da cultura, as geadas no Estado mencionado não afetaram as lavouras e em muitas delas até foram benéficas. A persistir o clima favorável e caso não ocorram chuvas na época da colheita aguarda-se uma boa produtividade e qualidade podendo até superar a atual estimativa de produção prevista para o Estado. A estimativa do USDA divulgada nessa semana mostra que a Rússia e Ucrânia produzirão 18,9 milhões de toneladas a mais que na safra passada que foi afetada por problemas climáticos. Com isso suas exportações evoluirão de 8 milhões para 25 milhões de toneladas, com a agravante de que para retomar o mercado perdido, inclusive para o Brasil, os preços estão sendo praticados muito abaixo dos praticados pelos concorrentes.

Nesse contexto as exportações brasileiras previamente contratadas para entrega em dezembro/11 com volume estimado de 400 mil toneladas foram renegociadas em uma operação denominada wash out restando, apenas, 200 mil toneladas. O Brasil ocupou o espaço de mercado deixado por esses dois grandes produtores e exportadores tendo vendido ao exterior 2,5 milhões de toneladas e tornando-se o nono maior exportador mundial da commoditie. Entretanto, deve-se considerar que o trigo produzido nesses países não possui alto teor de proteína como demandado por grande número de consumidores e que as estimativas de
produção nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Argentina, grandes supridores do mercado internacional, são bem menores e seus estoques encontram-se em redução contínua a partir da safra 2009/10. Os números divulgados foram suficientes para provocar aumentos significativos das cotações no mercado futuro das bolsas de Paris, de Kansas e de Chicago, logo após a divulgação pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Essa reação de preços também recebeu suporte da queda na estimativa de produção de milho no País. A redução na disponibilidade de trigo de alto teor de proteína também preocupa e ajuda a manter os preços acima dos observados no primeiro semestre de 2011. Outro fato que deve ser reportado refere-se a anomalia que se observa de uma inversão da tendência histórica em que a cotação do milho está mais alta que a do trigo, causando alteração nas estratégias de negociação de commodities, mudando a forma
como os produtores de carne, alimentam seus animais. Os produtores de frango nos Estados Unidos estão adicionando mais trigo na ração de suas aves, assim como os produtores de suínos, gado e etanol que também estão usando trigo como complemento ao milho. O quadro de suprimento e uso de trigo no Brasil exposto abaixo retrata que o ano safra 2010/11, recentemente findo em 31 de julho, virou com estoque de passagem de 1.766,1 mil toneladas. Desse total 875 mil toneladas são de propriedade do Governo e
equivalem à demanda do País para suprir um mês de consumo. O volume restante compreende produto em mãos de cooperativas, produtor e em moinhos, tanto de produto nacional como de importado.
A presença brasileira como exportadora de trigo trouxe um grande alento aos triticultores brasileiros, principalmente do Rio Grande do Sul, que veem nas exportações do cereal outro fator de geração de riqueza e, conseqüentemente, de combate a pobreza na área rural da Região Sul. Saliente-se que as recentes exportações foram responsáveis pela geração de divisas de 744 milhões de dólares na economia brasileira, enquanto as importações de 5,2 milhões de toneladas, no mesmo período, queimaram divisas de 1,55 bilhão de dólares, Esses números quantificam os benefícios gerados com a atividade exportadora sem citar as externalidades positivas geradas pela produção de inverno na economia regional.
     Estima-se que a moagem industrial no período 2011/12, em relação ao anterior, seja maior em 2,0%, que as importações cresçam em 2,2%, as exportações reduzidas para 900 mil toneladas e o consumo interno acrescido em 1,8%. Dessa forma, o estoque de passagem em julho de 2012 poderá ser 8,4% menor que do ano safra recentemente encerrado. Fonte: Conab


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