segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Trigo sem barreiras


Aumento da produção do grão no Brasil Central passa por programa de incentivo criado em Minas Gerais. Objetivo é atender consumo nacional
Geórgea Choucair
Minas Gerais comanda o início de um processo para tentar vencer a barreira que as instabilidades climáticas trazem para a cultura do trigo. Trata-se do projeto Trigo tropical, que prevê a produção principalmente por meio da irrigação na Região Central do país (Minas, Oeste baiano, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás). "Nossa meta é que a autossuficiência na produção do trigo passe pelo Brasil Central.", afirma Lindomar Antônio Lopes, coordenador do Programa de Incentivo ao Trigo de Minas Gerais (Comtrigo), da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), criado há quatro anos. Atualmente, mais de 95% da produção do trigo brasileiro está concentrada em terras do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Lopes vai coordenar o programa Trigo tropical, que está sendo criado pelo Ministério da Agricultura a pedido do Comtrigo. "Queremos criar um polo de produção de trigo tropical", observa Lopes. A meta é que os estados da Região Central do país produzam 2 milhões de hectares nos próximos cinco anos e atinjam 8 milhões de toneladas do grão. "Se a meta for alcançada, o Brasil se torna autossuficiente. E, depois disso, podemos até pensar em exportação", observa Lopes.
O Brasil colhe este ano uma safra de trigo menor do que a esperada e de qualidade inferior. O motivo são as intensas chuvas que atingiram as lavouras do Paraná, principal estado produtor. A estimativa da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) é de que a produção de trigo brasileira caia 14,3% na safra 2009/1010. O consumo nacional de trigo é de aproximadamente 10,5 milhões de toneladas, e, segundo a CONAB, o volume que será colhido deverá ficar em 5,04 milhões de toneladas, o que obrigará o país a importar mais de 5 milhões de toneladas. E o pior: o Brasil terá que importar volume maior no momento em que seu principal fornecedor, a Argentina, enfrenta baixa de oferta.
Entre 80 e 100 produtores do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste Mineiro devem produzir este ano 93,3 mil toneladas de trigo, ante 95,6 mil no ano passado. "Podemos considerar que a produção ficou estável", diz Lopes. A produtividade do trigo em Minas, segundo ele, está em torno de 5 toneladas por hectare, bem acima dos 2,7 hectares do Sul do país. "Aqui temos pouca chuva e estações climáticas bem definida. No Sul, há muita instabilidade, geada e incidência de pragas", ressalta o coordenador do Comtrigo. A meta dos produtores mineiros é criar um selo de qualidade e cruzar os limites do estado e do país.
Em Minas, o trigo é considerado cultura de inverno, ideal para fazer a rotação no campo. "Culturas tradicionais do estado, como soja, milho e feijão, são de verão. De abril a setembro, o terreno fica vazio. E o trigo é favorável para essa rotação, pois o plantio é direto. Depois que é colhido, não é preciso limpar o terreno. Isso reduz em 20% o custo para o produtor", observa Lopes.
Fonte: Conab

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