sexta-feira, 21 de agosto de 2009

As cotações do trigo em Chicago recuaram mais um pouco durante a semana

As cotações do trigo em Chicago recuaram mais um pouco durante a semana, acompanhando o fraco desempenho da soja e do milho. O fechamento desta quinta-feira (20) ficou em US$ 4,69/bushel, após US$ 4,81 no dia 13/08. O quadro fundamental, onde a relação oferta x demanda assume importância decisiva, é claramente baixista para 2009/10, embora haja redução na produção global e nos EUA. O problema é que os estoques de passagem são importantes e o consumo está relativamente estagnado. Assim, também aqui uma recuperação de cotações passa por um movimento especulativo do lado financeiro. Por enquanto, nada disso vem ocorrendo nos últimos dias! Por outro lado, as inspeções de exportação dos EUA atingiram a 378.687 toneladas na semana encerrada em 13/08, contra 408.867 toneladas na semana anterior. No mesmo período do ano passado, o total inspecionado atingiu a 1,05 milhão de toneladas nesta época. No acumulado do ano comercial, iniciado em 01/06, as inspeções somam 3,95 milhões de toneladas, contra 7,31 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, as vendas externas estadunidenses estão bem menores nesse ano, levando a um aumento nos estoques mesmo diante de uma redução na produção. Dentre os compradores do trigo dos EUA, o Egito se destaca tendo anunciado, na semana, novas compras de 270.000 toneladas, sendo 120.000 do trigo brando estadunidense, a um preço de US$ 162,00/tonelada. Outras 60.000 toneladas foram compradas da França, a um preço de US$ 169,50/tonelada, seguidas de 60.000 toneladas de produto canadense, a um preço de US$ 165,32/tonelada; e finalmente mais 30.000 toneladas de trigo russo a US$ 172,00/tonelada. A entrega do produto está prevista entre 11 e 20 de setembro. Nos EUA, as condições das lavouras da safra de trigo de primavera, até o dia 16/08, estavam em 74% entre boas a excelentes, 19% regulares e apenas 7% entre ruins e muito ruins. Já o trigo de inverno, na mesma data, havia sido colhido em 94% da área, contra 97% na média histórica. Na Argentina, o mercado permaneceu bastante parado. Projeções feitas pelo adido comercial dos EUA na Argentina acabam desmentindo os últimos números projetados para a futura safra de trigo do vizinho país. Embora não sejam oficiais, as mesmas apontam uma safra de 9 milhões de toneladas, com exportações de 4 milhões e um consumo interno de 5,18 milhões de toneladas. O mesmo reavalia a safra 2007/08, passando-a para 18 milhões de toneladas. Resta agora esperar para vermos quem está com a razão em relação a esses números da futura safra, já que o plantio apenas chega ao seu final. (cf. Safras & Mercado) Por sua vez, os preços no Uruguai estiveram ao redor de US$ 265,00/tonelada para setembro e US$ 223,00/tonelada para janeiro. Ao câmbio médio desta semana, isso equivale, em reais, a respectivamente R$ 29,41/saco e R$ 24,75/saco. No Paraguai, a tonelada, para setembro, ficou em US$ 240,00 ou o equivalente a R$ 26,64/saco. No mercado brasileiro, os preços voltaram a recuar. O balcão gaúcho ficou em R$ 21,99/saco, enquanto os lotes terminaram a semana em R$ 425,00/tonelada ou R$ 25,50/saco, sabendo-se que em muitas regiões o preço é mais baixo. No Paraná, os lotes permaneceram entre R$ 497,50 e R$ 505,00/tonelada. O preço do trigo nacional, comparado há um ano, está menor em 9% no Paraná e 18% no Rio Grande do Sul. Nesse contexto, agora o mercado depende do real volume que o país colherá. E isso depende do clima! Lembramos que o governo estabeleceu os seguintes preços mínimos, para essa nova safra, visando estimular o plantio de produto de qualidade: R$ 441,00/tonelada (R$ 26,46/saco) para o trigo brando; R$ 530,00/tonelada (R$ 31,80/saco) para o trigo pão; e R$ 555,00/tonelada (R$ 33,30/saco) para o cereal melhorador. Diante dos atuais preços externos, não há como garantir esses preços ao produtor brasileiro a partir da entrada da nova safra, que será iniciada em setembro pelo Paraná. (cf. Safras & Mercado) Salvo se o governo colocar em prática algum mecanismo oficial de apoio aos preços. O problema é que o governo talvez não contasse com a nova sobrevalorização do Real e a queda dos preços internacionais, estipulando um preço mínimo muito acima do que, agora, o mercado vem praticando e deverá praticar quando de nossa colheita. Afora isso, o governo continua buscando escoar seus estoques de trigo, fato que pressiona ainda mais o mercado. Nesse contexto, para esse dia 20/08 estava previsto oferta de 50.000 toneladas de trigo paranaense e paulista em dois leilões de VEP (Valor de Escoamento do Produto). Paralelamente, no Rio Grande do Sul apenas 1% da safra está em floração, contra 6% na média histórica. O clima provocou alguns danos nas lavouras, porém, os mesmos ainda são considerados mínimos. Mas os índices pluviométricos em agosto foram quase recordes, causando preocupações, pois os estragos ainda não aparecem sobre as plantas. É bom lembrar igualmente que a tendência futura de preços, caso se confirme uma safra ao redor de 5,5 milhões, é de baixa. Particularmente porque o país terá cerca de 2 milhões de toneladas em estoque de passagem neste ano. Todavia, já estão contabilizadas perdas de 12% no Paraná, devendo esse percentual aumentar no passar dos dias em função do clima. Sem falar na redução da qualidade do produto que sobrará. Assim, talvez a quebra da safra venha a impedir um recuo mais acentuado dos preços nacionais, salvando o governo e seu preço mínimo, porém, dificilmente resolvendo o problema dos produtores rurais. Afinal, não há preço que compense perdas por frustração de safra! A semana terminou com as importações, no CIF Sudeste brasileiro, valendo US$ 297,56/tonelada para o produto dos EUA; US$ 318,41/tonelada para o produto da Argentina; e US$ 311,42/tonelada para o produto do norte do Paraná.
Fonte: Agrolink

Nenhum comentário: