sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Brusone ‘ataca’ lavouras de trigo na Região Norte do Paraná

As constantes chuvas registradas no mês passado favoreceram a incidência de brusone nas lavouras de trigo da Região Norte do Paraná. Embora ainda não se fale em perdas na produção, pesquisadores acreditam que a colheita será menor do que a estimada inicialmente. A brusone é provocada pelo fungo Pyricularia grisea, sendo mais suscetível em clima com umidade excessiva e temperaturas medianas. Além de afetar a produtividade da planta – com perdas que podem chegar a 50% –, a doença ainda reduz a qualidade dos grãos, o que pode levar os produtores a receber um deságio.
A Região Norte é a principal produtora de trigo do Paraná, com uma área plantada de 511 mil hectares, o equivalente a 41% do total semeado. A estimativa inicial era de uma safra recorde, com uma produção de 3.370 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura. De acordo com Rosângela Zaparoli Vieria, chefe do Deral de Londrina, o atual cenário da doença é o pior dos últimos anos, uma vez que não chovia na quantidade registrada no mês passado – cerca de 200 milímetros – desde 1976.
‘‘A brusone está espalhada em quase todos os municípios (na área de abrangência do Deral são 19), mas os ataques são localizados. Por enquanto a situação não é preocupante, ainda não falamos em perdas’’, observa Rosângela. Como a região está a quase uma semana sem chuvas, ela acrescenta que os triticultores já conseguiram aplicar fungicidas nas lavouras. Gustavo Sera, pesquisador de Fitopatologia do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), explica que a brusone é de difícil controle e que os fungicidas existentes no mercado não são tão eficientes. Além disso, o tratamento deve ser preventivo.
Segundo ele, as aplicações devem preceder as chuvas e devem ocorrer antes do início do espigamento das plantas. As recomendações para evitar danos nas lavouras são: plantio após o dia 10 de abril na Região Norte, uma vez que esse procedimento evitaria a exposição das espigas em períodos de temperaturas mais altas. Outra forma é o plantio de cultivares resistentes. Sera acrescenta que todas as variedades são de resistência moderada, não existindo nenhuma totalmente ‘‘imune’’ à doença. ‘‘O ideal é a complementação das duas medidas: fungicidas e variedades resistentes’’, diz.
Rendimento
O pesquisador de melhoramento genético de trigo Vanoli Fronza, da Embrapa Soja, explica que a brusone provoca perda de peso das sementes, o que afeta o rendimento de graõs e, consequentemente, da farinha. Os grãos são classificados em tipo 1, 2 ou 3 conforme o seu peso e isso tem interferência direta na rentabilidade dos produtores. ‘‘Esse ano chouveu mais do que os outros, principalmente, no período do espigamento’’, diz. O fungo também ataca outras plantas gramíneas. ‘‘Temos feito testes de campo com as cultivares resistentes e identificamos que a menos suscetível é a BRS 229’’, comenta.
Além da brusone, ele acrescenta que há ocorrência de giberela no Sul do Paraná e em algumas lavouras do Norte. Essa doença também é provocada por um fungo, mas ‘‘ataca’’ a planta na fase do florescimento. O fungo libera micotoxinas, o que inviabiliza que o grão seja destinado ao consumo humano.
Fonte: Agrolink

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