quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Governo apoia venda de 56% do trigo do PR

O governo federal irá apoiar a comercialização de 1,5 milhão de toneladas de trigo do Paraná, o equivalente a mais da metade da safra estadual. Para levar a produção paranaense aos principais centros consumidores brasileiros, o Ministério da Agricul­­tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pretende fazer dois tipos de leilão de Prêmio de Escoa­mento de Produto (PEP). Um específico para os consumidores do Norte e Nordeste do país e outro para a indústria dos demais estados brasileiros. A informação foi dada pelo diretor do Depar­tamento de Comer­cialização e Abastecimento do Mapa, José Maria dos Anjos, após reunião entre governo e setor produtivo, ontem em Curitiba.A medida atende a uma reivindicação dos triticultores, que estão preocupados com a falta de liquidez do mercado mesmo diante de uma quebra de 13% na safra do maior produtor nacional do cereal. A safra paranaense de trigo está em fase final de colheita, mas a comercialização permanece travada. Até o início da semana, as máquinas já haviam passado por 70% dos 1,3 milhão de hectares cultivados no estado neste ano, mas apenas 6% da produção prevista tinha sido vendida. Isso significa que os produtores comercializaram até agora menos de 200 mil dos 2,8 milhões de toneladas previstos pela Secretaria Estadual da Agricul­tura (Seab) para a safra de 2009. Com área 13% maior neste ano, o Paraná tinha potencial para colher até 3,2 milhões de toneladas, mas o excesso de chuva frustrou a expectativa de safra recorde.Agora, além de ter de arcar com os prejuízos da quebra, os produtores paranaenses encontram dificuldades para escoar a sua produção. À produção prevista para este ano, soma-se cerca de 300 mil toneladas da safra passada que, segundo a Seab, ainda estariam nas mãos das cooperativas. Moinhos abastecidos e preços de mercado abaixo do mínimo inibem os negócios. Atualmente, o triticultor paranaense recebe em média R$ 25,33 pela saca do cereal (trigo pão tipo 2), sendo que o preço de garantia do governo é de R$ 29,22. Para garantir que o produtor receba ao menos o preço mínimo, o Mapa pretende realizar leilões semanais. A modalidade escolhida para apoiar a comercialização do cereal foi o PEP, mas o valor do prêmio a ser pago à indústria ainda não foi definido. De acordo com o superintendente de Operações da Com­panhia Nacional de Abas­teci­mento (Conab), João Paulo Moraes, o governo deve fazer o anúncio oficial até amanhã, e os editais das primeiras operações devem sair na próxima semana. “Optamos pelo PEP, porque como os recursos para 2009 são limitados, com essa modalidade poderemos atender a um número maior de produtores”, explica.José Maria, do Mapa, informou que os leilões de trigo atenderão também a outros estados produtores, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, mas o Paraná será contemplado primeiro porque, além de ser o maior produtor do cereal do país, também é o estado que abre a colheita do trigo no Brasil. O primeiro leilão oferecerá subvenção para o escoamento de 150 mil toneladas do produto paranaense. Metade desse volume deve ter como destino a indústria moeageira do Norte e Nordeste do país. A outra metade poderá ser arrematada por consumidores de qualquer parte do país, inclusive por moinhos do próprio estado. “Essa é uma novidade que deve dar mais liquidez ao mercado”, avalia.Conforme Anjos, o governo estuda também o lançamento de contratos de opção de venda e de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para o próximo ano, apesar de julgar que essas não seriam as melhores opções. Já a compra direta de trigo para formação de estoques públicos via operações de AGF (Aquisições do Governo Federal), está descartada. “Somos importadores de trigo. Não faria sentido estocar. Além disso, não há mais espaço nos armazéns, que estão abarrotados de milho”, explica. Segundo ele, a desvantagem dos contratos de opção é os recursos ficam bloqueados mesmo que o produtor não exerça a opção. No Pepro, o problema é que o produtor pode ter dificuldades para comprovar a venda, como aconteceu com o milho no Centro-Oeste.
Fonte: Agrolink

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