quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quebra nas lavouras de trigo da região ultrapassa 60%

Os mais de 100 mil hectares plantados com trigo na safra 2009/2010 na região de abrangência do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento), de Francisco Beltrão, devem registrar uma quebra de até 60% na safra. Segundo o engenheiro agrônomo Ricardo Kaspreski, que responde pelo órgão, o excesso de chuvas e o granizo prejudicou o grão, que está sendo colhido com peso muito abaixo do normal. Agora os produtores se preparam para o plantio da soja, que iniciou nessa semana.“O trigo está em fase final de colheita num período com muita umidade e com isso a qualidade do grão está muito ruim. A grosso modo podemos dizer que em mais de 50% das lavouras a qualidade do grão é muito ruim, com peso insuficiente. Outro fator que complica o produtor é o preço do trigo, que ainda não apresentou reação”, revela Ricardo. Ele diz ainda que o que mais atrapalhou foi realmente o clima, já que os insumos estavam com preços reduzidos. “O produtor utilizou boa tecnologia nas lavouras, mas o excesso de chuvas prejudicou muito. Foi a maior área plantada nos últimos anos, com 106 mil hectares e a nossa estimativa de quebra é em torno de 60%.”O técnico agrícola Altair Renato Bergher, do entreposto da Coasul de Francisco Beltrão, diz que as perdas chegaram a 100% em algumas lavouras da região. “O excesso de chuvas provocou o acamamento das lavouras. E fez com que o controle das doenças fosse insuficiente. Agora, no momento da colheita, estamos registrando a baixa qualidade do grão. Tivemos quebra de até 100% em algumas lavouras, mas a média deve ficar de 60% a 80%”, conta Altair.Segundo Edenilson Bocchi, diretor da Cerealista Irmãos Bocchi, de Santa Izabel D’Oeste, a perda da qualidade se reflete na queda na hora da colheita do grão. “Perdemos muito em qualidade e produtividade. Devemos registrar quebra de até 40 sacas por alqueire. O trigo está com qualidade muito baixa”, resigna-se.Milho e sojaO milho tem área estimada em 96 mil hectares e colheita estimada em torno das 672 mil toneladas para a safra 2009/2010. Uma redução de 36% na área, que na safra passada era de 130.600 hectares. Segundo Ricardo, o grão plantado há cerca de 60 dias já sofre com as variações climáticas. “Já tivemos algumas perdas por vendavais na região e temos o registro de agricultores que já pediram o seguro agrícola em alguns municípios”, informa Ricardo.Ele explica que a perda de área se deve à migração de parte dos produtores para o plantio da soja, que tem custos mais baixos com relação às lavouras de milho. “Com isso devemos ter uma área de soja estimada em 217 mil hectares, 16% maior do que a safra passada que foi de 187 mil hectares e a produção devendo alcançar as 695 mil toneladas.”Na opinião de Altair, o milho deve registrar prejuízos, principalmente pelo grande volume de chuvas. “Tivemos chuvas de 95 milímetros em pouco mais de duas horas e isso fez com que acontecesse erosão, escorrimento e inundação das lavouras. Não é tão grave, mas não devemos mais ter colheitas com 100% de qualidade. Além disso, houve uma redução considerável da área de milho porque alguns dos materiais que deveriam ter sido plantados já fugiram da época e também por que muita gente prefere plantar soja”, avalia.Na região de Santa Izabel, Edenilson conta que ainda é muito cedo para avaliar qualquer tipo de perda com relação ao milho. “Apesar do excesso de chuvas as lavouras estão boas e a nossa expectativa também é de uma boa safra. A migração de milho para soja, aconteceu em torno de 50% na região e ocorreu porque o preço foi mais atraente na entressafra”, revela Edenilson.Pato BrancoConforme o chefe do Deral na microrregião de Pato Branco, nos seus 15 municípios de abrangência, a situação do trigo também é complicada e a tendência é que grande parte do produto seja destinado para outra finalidade. “A qualidade do grão é muito ruim e o PH (peso hectolítrico) está entre 70 e 75, quando o ideal seria 78 e isso faz grande diferença no preço ao produtor. A tendência é esse produto seja destinado à ração porque a Conab já disse que não vai comprar trigo com o PH abaixo de 78”, conta Ivano.A área de plantio com o grão na safra 09/10, ficou em 87 mil hectares, 21% a mais do que na safra passada, com estimativa de colheita de 245 mil toneladas, ou 21,4% a mais do que na safra 08/09.Confirmada redução no plantio de soja e milhoConforme previam donos de casas agropecuárias, o milho apresentou redução de área nessa safra. Foi de 88.850 hectares (13 mil somente para silagem) e produção total de 474.500 toneladas, para os 60 mil hectares (10 mil para silagem), com produção estimada de 375 mil a 400 mil toneladas.Ivano conta que 95% do milho daquela região está plantado e que o desenvolvimento inicial das lavouras vem sendo prejudicado pelo excesso de chuvas dos últimos dias, mas os produtores devem ter calma por que ainda é cedo para fazer uma avaliação mais completa. “Ainda é cedo para se falar em prejuízos, mas o excesso de chuvas prejudica a adubação. Isso atrasa o desenvolvimento inicial da cultura e as lavouras devem ter comprometidas sua produtividade”, diz. A soja está no início do plantio e, segundo Ivano, os agricultores preferem plantar o grão porque as lavouras têm custo três vezes menor que o milho e a produção proporcional deve ser de até três sacas de milho por uma de soja. As estimativas giram em 275.200 hectares e a produção deve girar entre 743 e 825 mil toneladas.
Fonte: Rádio Independência

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