quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Trigo no estoque

O mercado do trigo está parado. Em plena colheita, o produto está sem preço por causa da falta de qualidade do grão. O clima interferiu no desenvolvimento das lavouras.
Quando a chuva dá um tempo, o agricultor Jurandir Tomazi corre para adiantar a colheita e diminuir os prejuízos. No inverno, teve geada, depois veio muita chuva. O agricultor calcula uma quebra de 30% da produção dos cem hectares de trigo.
O grão que sobrou ficou úmido, não está com qualidade, problema que não foi compensado na hora da venda. Por isso, Seu Jurandir não está negociando nada, quer esperar preços melhores.
“Não tem como vender, porque se vender não paga nem a metade do custo, nem o custo total. Vou aguardar mais um pouco, mas daqui a pouco tem que vender para pagar as contas. Enquanto puder, vamos segurando”, diz.
O trigo, em geral, não está com qualidade, mas quando os produtores começaram a safra havia a expectativa de que pelo menos o preço cobrisse os possíveis prejuízos. Antes do plantio, o Governo Federal anunciou um preço mínimo para o trigo: R$ 31,80 a saca. Hoje, os agricultores não conseguem mais do que R$ 24, R$ 25.
Os moinhos não pagam mais porque, por enquanto, está sobrando trigo. Eles ainda têm em estoque grãos da safra do ano passado e estão conseguindo comprar o produto também de outros países, como Paraguai e Estados Unidos. Por isso, o trigo brasileiro sem qualidade não interessa agora.
“Ele não serve mais para o nosso processo de panificação ou para a industrialização. Então, esse trigo não tem uso para nós. Hoje, a gente procura um trigo que não esteja germinando, o que está sendo difícil em função do excesso de chuvas. O problema não é o preço, é questão da qualidade do grão”, diz Vilson Noetzold, gestor de negócios de um moinho.
O reflexo está nos armazéns. Segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná, apenas 5% da safra foi comercializada até agora. Nesta mesma época, no ano passado, 15% já tinham sido vendidos.
O Paraná é o principal produtor de trigo do país, com 56% da safra.
Fonte: Globo Rural

Nenhum comentário: